terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Os mais novos possveis genios do Vale do Sílício

O Vale do Silício, na Califórnia, é conhecido por ser o berço das inovações tecnológicas, sendo casa de grandes empresas como Google, Apple, Yahoo!Microsoft.

É onde gira uma indústria que lida com milhões e bilhões como moeda diária, e atrai nerds de todo os Estados Unidos – e do mundo – com o prospecto de riqueza e reconhecimento.

Também por essas razões, acabou virando material para a comédia Silicon Valley, que teve sua estreia em abril desse ano pela HBO e mostra, a cada episódio, mais uma forma diferente e inusitada de criar piadas com a seriedade e a velocidade associadas a esse ramo.



Criada por Mike Judge, John Altschuler e Dave Krinsky, a sitcom gira em torno de um grupo de jovens programadores que trabalham para conseguir fazer sua startup decolar.

Richard Hendricks (Thomas Middleditch) é um cara extremamente tímido, inseguro e introvertido que trabalha na Hooli, uma grande empresa de serviços online (a semelhança ao nome do maior buscador de internet não é mera coincidência).

No seu tempo livre, ele trabalha no desenvolvimento de um aplicativo de músicas chamado Pied Pier, enquanto mora na “casa incubadora” liderada por Erlich Bachman (T.J. Miller) com outros quatro coders.
 O personagem de Bachman, por sinal, é um aceno à prática verdadeira dos “hacker hostels”, trazendo à tona um aspecto pouco conhecido do vale da tecnologia, entre tantos outros.,

Incrivelmente satírico, o show não só faz brincadeiras com essa conjuntura tão diferente do “normal”, mas também consigo mesmo.

As piadas são inteligentes e raramente previsíveis, sendo também muito bem entregues por um elenco de talento, especialmente Thomas Middleditch, T.J. Miller e Zach Woods, que consegue atingir novos níveis de esquisitice a cada cena.

Uma surpresa mais do que especial – tornada amarga com a morte do ator Christopher Evan Welch – é a de Peter Gregory, um investidor bilionário e excêntrico que se propõe a investir no aplicativo Pied Piper.

Apesar de fortes atores cômicos, as figuras femininas ainda são raríssimas no programa, com a presença praticamente única de Amanda Crew como a assistente de Peter Gregory, que age como a voz da razão e, bem, tradução, nesse mundo de loucos.

Além disso, algumas piadas fazendo referência a pessoas ou lugares específicos podem até passar batido do espectador distraído, mas estes são momentos breves e pouco relevantes.

De qualquer forma, a série se redime maravilhosamente com cenas como o desafio de provar todos os sanduíches da Burger King ou o problema sobre como realizar uma masturbação múltipla supereficiente.

Com sua sequência de abertura adorável, referências a clichês tecnológicos e campi coloridos, Silicon Valley atrela a sátira a cenários típicos de um lugar voltado para o futuro, inundado de cérebros incansáveis em busca do incentivo certo.

O programa consegue misturar o ridículo aos desafios do ramo; ele brinca com as circunstâncias e consigo mesmo, sem deixar de nos envolver com os dilemas dos personagens e torcer para seu sucesso em um espaço tão competitivo e assustador, em que todos têm potencial de ser o próximo Steve Jobs, basta ter a ideia certa.

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